De Salvaterra de Magos à aldeia do Escaroupim


Rodeada pelas lezírias ribatejanas, Salvaterra de Magos é uma terra de toiros, campinos, avieiros e tradições com séculos de existência.

Salvaterra de Magos
Apesar da manhã de Domingo ser soalheira, Salvaterra de Magos é um lugar pacato, diria até deserto. No Jardim Público lêem-se as notícias enquanto alguns pais passeiam os seus filhos nos carrinhos. Em frente à rotunda com o monumento ao campino da lezíria fica a praça de touros, que em dia de festa dos aficionados, já apresenta grande agitação.
Estaciono junto à Biblioteca Municipal. A Capela Real, mesmo aqui ao lado, está fechada mas no seu interior há um património de grande valor. Em 2012 albergou a exposição do guarda-roupa de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal, datado desde o século XVIII, incluindo o fato bordado pelas infantas filhas de D. José.
Passo pela Câmara Municipal, antiga prisão e dirijo-me para o Celeiro da Vala Real, "habitação" de dezenas de andorinhas que aqui fizeram os ninhos e alimentavam os seus filhotes famintos.

Celeiro da Vala Real; Salvaterra de Magos

No cais da vala real já cheira a peixe grelhado. Junto das casas avieiras coloridas um grupo de pescadores faz uma pausa para um almoço em comunidade.
Reservo para a tarde a visita à Falcoaria Real construída no século XVIII. Foi a resposta às deslocações da família real e corte que vinham de barco pelo Tejo para as famosas caçadas ao javali. A visita inicia com um pequeno vídeo sobre a história da falcoaria em Salvaterra de Magos. Aqui há falcões, águias e um bufo real. No pátio apenas se encontra uma águia, uma vez que o excesso de calor não permite a saída dos falcões. Encontro-os no interior à espera que a temperatura desça e possam fazer o seu voo diário. No edifício contíguo, há uma exposição acerca da história da falcoaria em geral, que inicia no antigo Egito, passando pelo Oriente e terminando em Portugal.

Falcoaria Real; Salvaterra de Magos

Prossigo para a aldeia do Escaroupim que fica a pouco mais de 5 km’s de distância de Salvaterra de Magos. Situada à beira do Tejo, é conhecida pelas suas casas de avieiros, construções de madeira que assentam em estacas devido às cheias do rio. Talvez seja pelo agradável dia de Sol mas na aldeia não faltam pessoas. Entre locais e visitantes, uns terminam de almoçar no parque, debaixo dos chorões, outros contemplam o rio enquanto se refrescam na esplanada do restaurante. Ao cais chegam barcos para visitar a aldeia e as garridas embarcações dos pescadores.

Casas Avieiras; Escaroupim

No Núcleo Museológico do Escaroupim ou Casa Típica Avieira, a D. Cacilda já me aguardava. Quando abre a porta, entro para a maior divisão: aqui encontram-se dois manequins com trajes típicos avieiros, a rede de pesca e o objecto onde colocavam as enguias até chegarem a terra e serem vendidas. Do lado direito ficam os 2 quartos, um rosa e outro azul e por cima o sótão onde os filhos, normalmente os mais novos, dormiam. Na cozinha mantém-se os tachos e cafeteiras ao lume.

Casa Avieira; Escaroupim

A D. Cacilda, apesar de não saber ler, explica tudo ao pormenor, com um visível carinho e estima por esta casa. É o orgulho de descender destes “nómadas do rio”: os avieiros.

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