Madrid é a capital europeia que mais vezes visitei. Comecei pelas grandes atrações mas a cada regresso procurei espaços mais autênticos e com menos turistas. Foi com este espírito que me perdi pelos bairros, falei com madrilenhos nas praças e fui conhecer algumas das lojas mais antigas de Madrid.
Sempre achei as espanholas cheias de salero, com gostos por cores fortes, cabelos arranjados e bem maquilhadas. Principalmente nos dias festivos, como a Semana Santa, gostam de usar roupa típica, e as Capas Seseña, loja com mais de 100 anos, é um dos locais de eleição para encontrar modelos mais tradicionais ou com um toque de modernidade. A loja tem um atendimento exclusivo e talvez seja por isso que a família real espanhola, entre outras personalidades, aqui façam as suas compras.
O leque usado por Letízia no seu casamento com Filipe foi comprado na Casa de Diego, que desde meados do século XIX se dedica ao comércio de leques, guarda chuvas, mantilhas e castanholas.
Na Casa Jiménez, fundada em 1923, encontrei os famosos xailes de Manila, muito associados ao flamenco, mas também usados noutras ocasiões.
Com o calor à porta, fui procurar lojas de calçado para a estação e encontrei duas bem antigas. No bairro da Malasaña, perto da Plaza Dos de Mayo, na Antigua Casa Crespo, com mais de 150 anos, há alpercatas para todos os gostos, preços e tamanhos. São todas cozidas à mão e feitas a partir de materiais naturais.
Eu gosto mais das da Casa Hernanz, perto da Plaza Mayor, mas a fila é de tal forma grande para entrar que apenas admiro os modelos na montra.
No bairro da Chueca, uma antiga loja de sementes de 1881 é hoje a Ótica Toscana, com óculos irreverentes e cheios de estilo. No entanto, os armários originais ainda se mantêm.
É sobejamente conhecido o gosto dos espanhóis pela comida, em especial tapas acompanhadas duma caña fresquinha. E Madrid orgulha-se de ter o restaurante mais antigo do mundo segundo o livro de recordes do Guiness. O Botín foi fundado em 1725, tem um aspeto rústico e apesar de pequeno, há filas para entrar. Um dos pratos típicos é o leitão assado.
Muitos dos restaurantes, bares e tabernas em Madrid destacam-se pelas fachadas com azulejos. São tantas que é quase impossível enumerá-las todos mas destaco as que mais gostei: La Fontana de Oro, Los Gabrieles, Restaurante Viva Madrid, El Parnasillo del Príncipe, El Madroño ou Cerveceria La Cruz de Malta.
Perto das Puertas del Sol fica a Casa Mira, fundada em 1855. Mantém o fabrico do turrón de forma artesanal e é considerado um dos melhores de Espanha. A montra é mais apelativa do que interior da loja, que parece um pouco perdida no tempo, mas o que importa é a qualidade do produto e essa é inquestionável.
Para um pequeno lanche, recomendo dois lugares. La Mallorquina, apesar de muito ruidosa, do tempo de espera e da pouca simpatia dos funcionários, tem uns bolos que valem mesmo a pena.
Tive mais sorte na Chocolatería San Ginés: melhor atendimento e mais célere. Ao fim da tarde, quando o cansaço já se começa a notar, um chocolate quente com churros sabe mesmo bem. Aqui vêm pessoas de todo o mundo (lanchei junto de um grupo de japonesas), incluindo algumas figuras públicas cujas fotos estão espalhadas pelos dois pisos.
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