Irmãs Flores

Chamam-se Maria Inácia e Perpétua Fonseca, mais conhecidas por Irmãs Flores. São das artesãs mais importantes na produção de figurado de Estremoz.

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É dia de mercado em Estremoz e por isso as ruas estão mais animadas. Junto à porta das Irmãs Flores algumas pessoas espreitam a montra mas há também quem entre. Sigo-lhes a pegada.
Aqui funciona a loja e também atelier de Maria Inácia e Perpétua Fonseca, mais conhecidas por Irmãs Flores. Trabalham em nome próprio há 30, no entanto, há cerca de 45 anos que começaram a aprender com a mestre Sabina Santos, considerada uma das artesãs do século XX. Figuras religiosas, de profissões, carnaval ou presépios ainda se fazem como antigamente mas a Irmãs Flores também já têm peças originais.
–O povo imaginava coisas e depois fazia mas também temos as nossas ideias. Criamos vários presépios até porque há cada vez mais colecionadores.

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Na mesa de trabalho estão algumas peças inacabadas, já que o processo exige tempo e dedicação. Começa por se fazer o esqueleto, depois veste-se a peça, vai ao forno durante um dia e só no fim é pintada. Trabalham sobretudo por encomendas e quase que não há mãos para tudo.

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Maria Inácia Fonseca mostra-me algumas das figuras mais simbólicas do figurado em barro de Estremoz: a Primavera (aprendo que não é o arco que as diferencia mas sim a cornucópia), o amor é cego e os fidalguinhos que começaram por ser em barro vermelho (que já tinha visto no Museu Municipal de Estremoz Prof. Joaquim Vermelho) e mais tarde enfeitados para irem à mesa dos fidalgos.

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Os atuais presépios de Estremoz são dos anos 30 do século XX, apesar de já existirem no século XVIII. De estrutura muito original, podem ter várias dimensões mas as cores e figuras não se alteram: a sagrada família, os reis magos e os pastores.

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Maria Inácia mostra-me a sua coleção particular e algumas fotografias antigas. Sempre que encontram peças antigas no mercado de Estremoz ou em leilões de antiguidades adquirem-nas, aumentando assim um espólio precioso, que conta com bonecos de Sabina Santos ou José Moreira, artesãos estremocences que já partiram. Mas este trabalho de recolha não se fica por aqui. Mostra-me ainda um dossier onde reúne imagens de bonecos e da sua evolução ao longo do tempo.
Apesar de alguns dos mais antigos artesãos estarem a desaparecer, Ricardo Fonseca decidiu abraçar esta arte e trabalha atualmente no atelier das tias.
–Desde miúdo que vinha para aqui nas férias. Começou a ganhar gosto e hoje já trabalha de forma independente.
Sangue novo na arte barrística para que se continue a fazer.

Irmãs Flores
Largo da República, 32
7100-108 Estremoz

1 comentário:

  1. Parabéns às artesãs que dedicam a continuar tradição dos bonecos de barros de Estremoz. Parabéns e mérito a todos que inscreveram "o figurado de Estremoz" a candidatura junto ao Comité Intergovernamental da UNESCO para Salvaguarda do Património Cultural Imaterial e conquistaram reconhecimento e valor de patrimônio imaterial da humanidade. Publiquei no facebook, obrigado!

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