Raia Alentejana


Rumamos ao Alto Alentejo para conhecer o património de algumas das suas cidades na linha de fronteira com Espanha: Campo Maior, Elvas, Alandroal e Redondo.

Desta vez fomos à descoberta da Raia Alentejana, junto à fronteira com nuestros hermanos. Elvas era o nosso objectivo principal, pelo muito que já tínhamos ouvido falar acerca da beleza dos seus fortes. O dia começou cedo rumo ao nosso primeiro ponto de paragem: a Adega Mayor, em Campo Maior.

Adega Mayor; Campo Maior; Enoturismo; Planície Alentejana

Após o almoço, seguimos para Elvas. Desde 2012, esta cidade viu classificado como Património Mundial pela UNESCO, o conjunto das suas fortificações: o forte de Santa Luzia (século XVII), o forte da Graça (século XVIII), três fortins do século XIX, as muralhas  e o Aqueduto da Amoreira.
Iniciámos a nossa visita pelo Forte da Graça, situado na Serra da Nossa Senhora da Graça, a 404 metros de altitude, um dos pontos mais altos, logo estrategicamente situado. A vista a partir daqui é deslumbrante, podendo contemplar-se a cidade de Elvas, o Forte de Santa Luzia, a planície alentejana e Badajoz.

Forte da Graça; Serra da Nossa Senhora da Graça; Vista sobre a cidade de Elvas;

No reinado de D. José I, o Marquês de Pombal encomendou ao Marechal Wilhelm von Schaumburg-Lippe a modernização do forte, daí também ser conhecido por Forte de Lippe. A sua inauguração ocorreu em 1792, já no reinado de D. Maria I. Este Monumento Nacional encontra-se num avançado estado de deterioração e abandono. Grupos de skaters usam o espaço para aprimorarem as suas habilidades, contribuindo ainda mais para a destruição do mesmo. A sua última utilização foi como prisão militar, sendo depois cedido à Câmara Municipal de Elvas.
Tivemos a sorte de encontrar um senhor, que tendo percebido o nosso interesse, voluntariamente nos explicou a história do forte e nos levou a conhecer as diversas dependências: as casernas, a capela, a casa do governador e uma grande cisterna.

Forte da Graça; Elvas;

Após agradecermos este banho de história e uma visita minuciosa a esta fortaleza, descemos até ao Aqueduto da Amoreira. Demorou um século a ser construído, tem cerca de 8 km’s de extensão e os seus 843 arcos elevam-se até 30 metros de altura. É um símbolo da cidade e por isso não deverão deixar de o visitar.

Aqueduto da Amoreira; Elvas

Para entrar no centro histórico de Elvas é necessário passar por uma das três portas que lhe dão acesso: a porta da Esquina, a Oeste; a de Olivença, a Sul e a de S. Vicente, a Este. No seu interior vale a pena visitar o castelo medieval, a Sé, o pelourinho, o Arco de Santa Clara e a Igreja de São Domingos.

Centro Histórico de Elvas; Castelo Medieval de Elvas; Sé de Elvas; Pelourinho de Elvas; Arco de Santa Clara; Igreja de São Domingos

O castelo é o melhor local para se ter uma vista sobre o Forte da Graça e da paisagem envolvente.

Forte da Graça; Elvas

Na manhã seguinte, começamos por visitar o Forte de Santa Luzia, perto da Porta de Olivença. Foi concluído em 1687 e apresenta uma planta quadrangular, cercado por um triplo fosso. No centro e no ponto mais alto, encontra-se a Casa do Governador. No forte está instalado um Museu Militar, que se encontrava fechado.

Forte de Santa Luzia; Elvas

Daqui seguimos para a Fortaleza de Juromenha, a cerca de 18 km’s de Elvas, já no concelho do Alandroal, considerada Imóvel de Interesse Público.

Fortaleza de Juromenha; Alandroal

No seu interior existem as igrejas da Misericórdia e Matriz, a cadeia, os antigos paços do concelho e a torre de menagem, todos num elevado estado de ruína. É muito importante terem atenção onde colocam os pés e se tiverem crianças, os cuidados são redobrados. Há rumores de que será recuperada e reabilitada para um complexo turístico, pelo que vale a pena uma visita antes da reconstrução deste espaço, percorrer o seu interior, sentir os sons da natureza, admirar a paisagem para o Rio Guadiana e Espanha.

Fortaleza de Juromenha; Alandroal

Atravessámos a pequena povoação e dirigimo-nos para o Alandroal. Era hora de almoço, estava muito calor e não havia ninguém na rua. A visita foi rápida, pois a fome “falava” mais alto. Passámos apenas pela fonte monumental, entrámos no castelo e saímos junto da Igreja da Misericórdia.

Fonte Monumental; Castelo do Alandroal; Igreja da Misericórdia; Alandroal

Após um excelente almoço no restaurante “A Maria”, nada como descansar um pouco numa mantinha, debaixo de uma cerejeira repleta de frutos, enquanto apreciamos a paisagem da barragem do Lucefécit. De vez em quanto, há um ou outro carro que chega e dá a volta, mas quando isso não acontece, apenas se ouvem os peixes que de um salto, vêm à superfície.
Seguimos para Terena, onde tivemos uma excelente surpresa. Após a visita do castelo e de termos percorrido um pouco as ruas desertas da povoação, conseguimos visitar o Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova, que devido à festa, se encontrava aberto para limpeza e arranjo do espaço. Não é permitido fotografar o interior deste templo do século XIV, mas a visita valeu a pena.

Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova; Castelo de Terena; Terena

A caminho do Redondo, fizemos uma pequena paragem  no Santuário Endovélico Rocha da Mina. O acesso está bem sinalizado e é só seguir as placas. Saindo fora da estrada principal, terão de seguir uma estrada de terra batida e a dada altura, o percurso é feito a pé. Serão apenas vocês e a natureza. Para chegar ao santuário, é necessário atravessar a ribeira de Lucefécit, havendo uma ponte em madeira para o efeito. Na altura da nossa visita, a ponte estava muito danificada, não apresentando nenhuma garantia de segurança, por isso, a travessia teve de ser feita pela ribeira, metendo os pés na água.
Chegamos ao Redondo já ao fim da tarde. Conhecemos o Parque Ambiental de Redondo, passamos pela torre de menagem, pela Enoteca e na famosa Porta da Ravessa. Mas o que queríamos mesmo ver era o Museu do Barro no  antigo Convento de Santo António da Piedade. Aqui conta-se toda a história da olaria típica desta região, com exposição de peças associadas a vários sectores de atividade.

Museu do Barro; Convento de Santo António da Piedade; Redondo

Ainda tivemos tempo, mesmo em cima da hora de fecho, de ver, em passo de corrida, o Museu do Vinho. Quando saímos, encontrámos a Praça da República cheia de gente a passear com as suas crianças ou em convívio na esplanada. Até então, todas as localidades por onde passamos, ou estavam desertas, ou quase, mesmo Elvas. Aqui conhecemos um outro lado do Alentejo.

Onde dormir:

  • O Hotel D. Luis, em Elvas, (junto ao Aqueduto da Amoreira), tem uma boa relação preço-qualidade. Ao lado do hotel, existe uma pequena zona comercial, com diversos produtos regionais a bons preços, nomeadamente as famosas ameixas de Elvas.

Onde comer:

  • Restaurante Taberna do Adro, em Vila Fernando, apresenta pratos tipicamente alentejanos, servidos com simpatia. A decoração é à base de louça da região. Após o jantar, fomos convidados a visitar uma loja de antiguidades com peças que os donos vão adquirindo.

  • Restaurante A Maria, no Alandroal, recria um típico páteo alentejano e serve comida muito saborosa. As entradas são um pouco caras e o serviço pode demorar se a casa estiver cheia.

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