Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas


O Núcleo Museológico do Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas, no Regimento de Engenharia n.º 1, na Pontinha, pretende recrear o cenário das operações que estiveram na base de um dia histórico para Portugal: o 25 de Abril de 1974.

Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas

“Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas”. É a frase que todos os anos se repete em cada comemoração do dia que devolveu a Liberdade a Portugal. Faz parte do primeiro comunicado do MFA, lido por Joaquim Furtado, locutor no Rádio Clube Português, às 4h30 do dia 25 de Abril. A poucos km’s, no Regimento de Engenharia n.º 1, o grupo de militares que iniciaram esta operação, escutavam atentamente pela telefonia.

Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas

O tenente-coronel Garcia dos Santos tinha ficado encarregue de montar uma linha de transmissão desde Sapadores e montou outra linha paralela que lhe permitiria escutar as restantes. O posto de comando foi instalado num barracão pré-fabricado, numa zona alta e afastada da entrada do Regimento. Apetrechou-se o local com telefones, sistemas de rádio, taparam-se as janelas com cobertores para ofuscar a luz e armou-se uma tenda no exterior destinada às transmissões.

Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas

Quando entro na sala de operações, percebo o porquê do sucesso deste movimento: um lugar simples, que dificilmente levantaria suspeitas. Figuras em tamanho real retratam o pequeno grupo de militares, liderado por Otelo Saraiva de Carvalho, numa sala com apenas o necessário: os planos de ocorrências e de operações estão em cima da mesa, alguns dactilografados e outros manuscritos; a telefonia de Lopes Pires, que permitiu ouvir as músicas usadas como senhas e os comunicados transmitidos na rádio; os telefones de campanha e civis para uma comunicação mais rápida e o mapa de Portugal na parede, assinalado com pinos que indicam os principais palcos das operações a nível nacional.

Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas

Em Lisboa, várias colunas de militares ocuparam pontos estratégicos: a RTP, o aeroporto, o Rádio Clube Português, o Terreiro do Paço, a Ribeira das Naus. Salgueiro Maia foi enviado para o Largo do Carmo, onde se encontrava Marcelo Caetano, numa tentativa de obter a sua rendição. Esse momento acaba por ocorrer já no fim do dia 25 e é para o Posto de Comando do MFA que vem, dentro de uma chaimite. Aqui permanece até à madrugada do dia seguinte, momento em que parte para a Madeira.

Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas

É também no Posto de Comando que ocorre a primeira conferência de imprensa da Junta de Salvação Nacional, liderada pelo General Spínola, onde é apresentado o plano de ação do MFA.
Quarenta anos depois, este espaço continua a celebrar o fim da ditadura, recebendo grupos de alunos e todos os que o desejem visitar. Filhos que na altura ainda não tinham nascido trazem os pais que revivem o dia em que a palavra Liberdade voltou a fazer sentido. Alguns, com emoção, encontram os seus rostos com menos quatro décadas na mostra de fotografia que ocupa duas salas.
Antes de sair, assino o livro de honra, na esperança que este pedaço da nossa História não se volte a repetir.
No exterior há um conjunto de veículos de combate, que apesar de não estarem diretamente ligados com o 25 de Abril de 1974, têm igualmente interesse.

Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas

A visita ao Posto de Comando do MFA é gratuita mas é necessária marcação prévia através da Divisão de Cultura, Turismo, Património Cultural e Bibliotecas  da Câmara Municipal de Odivelas.

1 comentário:

  1. Artigo muito sugestivo e pertinente, nos tempos que correm...Nunca é de mais avivar a memória!

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