Berlenga: a ilha das gaivotas

Em Peniche, o arquipélago das Berlengas é uma reserva natural que se tenta manter o mais intocável possível. Aqui quase se sente a natureza em estado puro.

Arquipélago das Berlengas, reserva natural das Berlengas
Tantos foram os relatos que ouvi acerca da beleza das Berlengas que este ano surgiu finalmente a oportunidade de as conhecer. Por razões de segurança e navegabilidade, só estão abertas de 22 de Maio a 15 de Setembro. Uma das coisas que também me disseram é que a viagem por vezes não é fácil e que há momentos em que o barco quase que fica direito. “Que exagero”, pensei, mas pelo sim pelo não levei na mochila uns comprimidos para o enjoo. Apanhei o barco no porto de Peniche e ainda a pensar na agitação marítima optei  pelo “Cabo Avelar Pessoa” por ser um barco grande e conformável. Compra-se logo o bilhete de ida e volta, a horas específicas, para que o lugar esteja assegurado. Atravessar as cerca de 7 milhas demora 50 minutos. Dizem que se tivermos sorte pode-se ver golfinhos mas apenas avistei algumas gaivotas e corvos marinhos de crista. Infelizmente, não havia grande sol mas estava satisfeito pela ondulação calma. O saco que me deram à entrada não foi necessário e os comprimidos continuaram arrumados.

Arquipélago das Berlengas, reserva natural das Berlengas
Quando cheguei ao porto subi até ao bairro dos pescadores. Aqui existem WC’s públicos, diversas estruturas de apoio e  um restaurante onde é também possível alugar quartos. Neste local encontrava-se o antigo Mosteiro da Misericórdia da Berlenga, do séc. XVI, fundado pela Ordem de S. Jerónimo para auxilio aos náufragos. É neste bairro que se inicia o trilho da Berlenga que termina no forte de São João Batista. Por se estar numa reserva natural a sinalização deve ser respeitada e não sair dos trilhos marcados.

Arquipélago das Berlengas, reserva natural das Berlengas
No parque de campismo as tendas estavam literalmente bombardeadas de excrementos de gaivotas. Ser campista aqui tem algumas particularidades. Além do som constante das gaivotas, a eletricidade é cortada durante a noite e os banhos são de água salgada. Mas que importância tem quando se está num paraíso como este com uma vista para uma água verde cristalina?

Arquipélago das Berlengas, reserva natural das Berlengas
Subi até ao farol, a parte mais alta da ilha, onde as gaivotas de asa escura são rainhas e senhoras. Foi uma excelente oportunidade para as fotografar de perto. Ficam mais agitadas quando têm crias pequenas, “gritam” ainda mais alto mas não houve nenhum incidente.

Arquipélago das Berlengas, reserva natural das Berlengas
Arquipélago das Berlengas, reserva natural das Berlengas
Arquipélago das Berlengas, reserva natural das Berlengas
A descida até ao forte é íngreme. O melhor é ir parando e admirando uma das paisagens mais bonitas de Portugal. Fiquei impressionado com a ponte estreita e sem guardas. De repente, senti-me n’O Senhor dos Anéis. Tiram-se dezenas de fotografias, em poses simulando bravura, mas com um ar a refletir o devido respeito. Durante a guerra da Restauração houve aqui uma batalha entre Espanhóis e Portugueses. O cabo Avelar Pessoa liderou cerca de duas dezenas de soldados que lutaram contra centenas de homens. Apenas perdemos devido à traição de um soldado português.

Arquipélago das Berlengas, reserva natural das Berlengas
Arquipélago das Berlengas, reserva natural das Berlengas
É junto ao forte de São João Batista que apanhei o barco que faz o percurso das grutas. Além da explicação geral, o guia dá também algumas informações sobre a ilha e a sua fauna e flora. Comecei logo a ver algumas belezas naturais, como a rocha baleia e a gruta azul que reflete a luz no fundo devido à orientação dos raios solares. Atravessei o Furado Grande, um túnel natural de 70 metros de comprimento. Na  Cova do Sonho fica a Catedral, a gruta mais alta das Berlengas. No final encontrei uma curiosa rocha com um formato de tromba de elefante, passei pela Greta da Inês e terminei no porto de embarque.

Arquipélago das Berlengas, reserva natural das Berlengas
Arquipélago das Berlengas, reserva natural das Berlengas
Regressei ao bairro dos pescadores para iniciar mais um trilho, o da Ilha Velha, mas apenas até às buzinas, em frente ao Ilhéu da Ponta. No final de um dia nas Berlengas, sentia a cabeça atordoada com o constante ruído das gaivotas.

Arquipélago das Berlengas, reserva natural das Berlengas
O fim do dia passei-o na esplanada do restaurante Mar e Sol a recordar a beleza da ilha. Penso que quero voltar, ficar uma noite e sentir mais uma vez a beleza da ilha, mas com menos gente. Dizem que à noite as gaivotas também dormem e a ilha fica silenciosa.

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