Greenwich Village era dos lugares que mais queria conhecer em Nova Iorque. Já esqueci o número de vezes a que assisti à série e filmes do Sexo e da Cidade. Aquele imaginário das lojas, dos prédios com três pisos, das inúmeras árvores e dos passeios largos onde apetece andar. Quase sem trânsito e sem ruído.
O dia parecia mais frio do que o habitual. Por mais casacos, luvas e gorros que usasse, nada era suficiente para combater os míseros 5ºC que se sentiam. E se durante a manhã o passeio pelo bairro de Chelsea até tinha conhecido algum sol, durante a tarde as nuvens tomaram conta do céu.
De mapa na mão, olho em várias direcções para encontrar a rua que procuro. Valeu-me uma vez mais a boa vontade um nova iorquino que me abordou se necessitava de orientação:
–Sim, procuro o Washinton Square Park.
–Ainda falta mas eu posso ir convosco até lá.
(Ainda bem que os nova iorquino são antipáticos) – pensei.
Cabelo grisalho, gabardina preta estilo Burberry, sapatos Camper e óculos tartaruga: a vantagem dos estereótipos é de identificarmos iguais. Caminhava como falava – muito rápido – e no percurso de menos de 15 minutos percebi que tínhamos interesses em comum. Deu-me várias dicas de galerias e museus e partilhou pequenos segredos que só quem lá mora conhece. Nunca tinha vindo a Portugal mas estava na sua bucket list.
É incrível a vida e agitação que esta praça tem. Os miúdos já saíram das aulas e a proximidade à universidade atrai gente de várias idades. Correm, brincam, jogam, lêem: há espaço para cada identidade. A História lembra isso mesmo. Aqui viveram imigrantes, escritores e mobilizaram-se cidadãos para a mudança de mentalidades. O bairro de Greenwich é também famoso por ser palco de gravações de algumas séries de televisão, como o Friends ou O Sexo e a Cidade.
A minha próxima paragem é a casa da Carrie Bradshaw. Elas parecem todas iguais mas não tem nada que enganar: onde houver grupos a tirar fotos é aí. Eu não fugi à regra mas afastei-me um pouco e recorri à memória para a recordar na secretária, à janela, a escrever Love. Love (sem ponto), naqueles momentos difíceis que escrever por obrigação tem. Ainda na onda Sexo e a Cidade, imperdível é a Magnolia Bakery e comer um cupcake, tal como a Carrie e Miranda fizeram.
Foi a caminho que reparei numa loja muito apelativa e acabei por me deixar conduzir ao seu interior. Apliquei cremes, lavei as mãos com sabonete oriundo do Mar Morto, fechei os olhos e imaginei-me a flutuar… uma série de boas sensações que morreram com a simples frase:
–Only today, we are selling it for…
Banha da cobra em estado puro, apesar de nota 10 para a simpatia e aroma agradável que me acompanhou o resto da tarde. No entanto, Greenwich não desiludiu. Aliás, não tivesse ficado alojada no bairro do Meat Packing e a experiência no The Standard High Line não tivesse sido tão boa, poderia facilmente ter ficado aqui.
A nível de restauração, não faltam lugares cheios de charme. A imagem cultiva-se logo à entrada, com muitos vasos com flores e aquele toque especial que nos convida a entrar. A escolha recaiu sobre a Casa Apicci, um restaurante italiano a cargo do chef Casey Lane. Fui directamente conduzida à mesa, numa sala quase vazia mas que rapidamente ficou bastante ruidosa. Espaço amplo, cadeiras em veludo e sofás corridos em pele bastante confortáveis, lareira em alabastro e um varandim no piso superior. Apesar da clarabóia, a sala é mal iluminada e olhando com atenção percebe-se que esta bonita casa do século XIX necessita de manutenção.
O jantar começou com o antipasti: três grandes fatias de pão, azeite e vinagre balsâmico . Passou-se aos pratos: um linguine com camarão e alho. Seguiu-se um rigatoni com bife de vaca, molho bolonhesa e queijo parmigiano. As doses são generosas, os pratos saborosos mas sem serem extraordinários.
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