Roadtrip pelos lagos de Salzburgo

A região de Salzkammergut, na Áustria, é conhecida pelas suas cidades pitorescas e o azul dos lagos rodeados de montanhas vertiginosas. Aqui, o embaraço é o da escolha.


Das coisas mais extraordinárias de se viajar é podermos surprendermo-nos com o destino. Mesmo quando julgamos saber o que nos espera, na prática isso é só meia verdade. Por mais relatos e recomendações, a nossa impressão e experiência será sempre diferente. No meu caso e na maioria das vezes, é para melhor.
Como já disse, eu tinha pressa em chegar à região de Salzkammergut para conhecer os seus lagos. Com tantas cidades a espalhar charme, o mais difícil foi quais escolher, com a certeza de que todas as outras seriam também assoberbantes.
O Hotel Schloss Fuschl foi uma excelente escolha já que, além de todo o conforto, está localizado junto do lago Fuschl, conhecido por ter das águas mais cristalinas da Áustria, com uma grande diversidade de peixes, desde lúcios, tencas, carpas, enguias, cabozes e trutas. O hotel disponibiliza pequenos barcos de madeira para quem se quiser aventurar nas águas calmas, onde é também possível praticar outros desportos, como o stand up paddle.


O percurso pedonal em volta do lago demora cerca de 4 horas e a paisagem é tão diversa que parece estarmos num filme do Quentin Tarantino: começamos num ambiente de montanha, chegamos a uma praia fluvial, entramos numa floresta cerrada, assistimos a um jogo de futebol, avistamos quintas com os seus animais, bares e restaurantes. Em vários pontos criaram-se parques de estacionamento e locais para descansar à beira dos percursos, com mesas de piquenique, sanitários ou apenas um simples banco.


O próximo lugar que não pode perder é St. Gilgen. Na estrada de acesso vêem-se imensos caminhantes nos acessos à montanha para umas horas de trekking. A primeira paragem deve ser, obrigatoriamente, junto do Cafe-Restaurant Mühlradl St. Gilgen, uma espécie de miradouro e que permite uma primeira impressão imperdível desta vila pitoresca. A luz do sol sobre a água transforma o Wolfgangsee num imenso espelho.
Estas águas são um pouco mais agitadas, o que é perfeito para a prática de windsurf. Mesmo assim, os barcos que fazem os passeios no lago continuam a sair, apesar da forte ondulação. É também de St. Gilgen que partem os comboios que sobem a montanha até ao vertiginoso Schafberg. Contudo, esta vila é bastante tranquila, sem turismo de massas nem autocarros. Isso permitiu-me disfrutar das ruas calmas, da praia fluvial, das casas típicas e a Mozartplatz com a estátua de Mozart a tocar violino a bonita fachada da Rathaus.




Em Strobl o vento acalmou e permitiu sentar e contemplar o bonito lago. Além de algumas casas de habitação, sempre com as suas vacas e lenha pronta para os dias mais frios, o lago tem um azul tão turqueza que de repente parece estarmos nas Caraíbas. Daqui conseguimos avistar St. Wolfgang, a minha próxima paragem.



Ficou conhecida como local de peregrinação à sua igreja. Hoje é também dos locais mais visitados e as suas ruas chegam a estar apinhadas. As casas são bastante tradicionais e bem conservadas mas também estão muito próximas, o que não ajuda para admirar a sua beleza. Existem lojas com o traje tradicional feminino - o dirndl - em todas as cidades mas foi aqui que vi os mais bonitos e quase que trouxe um comigo.


A pérola de Salzkammergut é sem dúvida Hallstaat. Subindo o vertiginoso funicular pode ter-se uma vista deslumbrante sobre este vilarejo, assim como visitar a antiga mina de sal com um lago salgado subterrâneo. No sopé, a estátua retrata esta tradição de comércio de sal.


Confesso que a minha primeira impressão foi até de algum desconforto devido à conjugação de vários fatores: hordas de gente com selfie sticks, o tom escuro do lago apesar das águas serem muito calmas e falta de sensação de espaço devido não só ao facto de estar rodeada pelos montes Dachstein como devido à disposição das casas, empilhadas umas sobre as outras a acompanhar a subida da montanha. 


Mas a beleza de Hallstaat é de facto impressionante e começando a percorrer as ruas esse sentimento inicial vai-se dissipando. Essa confusão é mais na via principal, em direção ao lado oposto, onde todos tiram a conhecida foto postal. 


Outro local sempre lotado é a Marktplatz , junto ao Seehotel Grüner Baum que ficou famoso por nele se ter hospedado a imperatriz Sissi. No entanto, se nos desviarmos até à igreja luterana, à igreja católica com o seu ossuário, ao cemitério ou à cascata é provável que nos cruzemos apenas com meia dúzia de pessoas.




Apesar de ter adorado a gastronomia da Áustria e de haver tantos e tão bons restaurantes, mesmo nos locais mais turísticos, a minha sugestão num passeio como este fazer um piquenique à beira do lago. Locais não faltam, muitos deles junto a praias fluviais e com vários serviços disponíveis. Prometo que não se vão arrepender.



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