Vinhos e sabores "divinus"

Tradição com inovação é a proposta do restaurante Divinus que harmoniza uma experiência gourmet com vinhos alentejanos diferenciadores.

Restaurante Divinus, cisterna wine bar, Convento do Espinheiro
Uma das várias experiências que o Convento do Espinheiro proporciona aos seus hóspedes é uma prova de vinhos do Alentejo que ocorre diariamente na antiga cisterna. O espaço que antes estava quase cheio de água é hoje a adega, onde se guardam as garrafas para consumo no hotel e venda. Ao entrar sente-se ainda o cheiro próprio da sua história e uma temperatura que ronda os 15ºC. É uma espécie de frigorífico natural.

Restaurante Divinus, cisterna wine bar, Convento do Espinheiro
O escanção Cristiano Santos seleciona um conjunto de vinhos que são acompanhados por queijos locais, compotas e pelo azeite Convento do Espinheiro. É um blend a partir de vários tipos de azeitonas produzidas no hotel, incluindo as da oliveira milenar e que é feito na Carmin – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz.
Iniciou-se com um Herdade Grande Branco, feito a partir das castas Antão Vaz, Viosinho e Arinto, com cariz frutado e tropical, em que uma parte do lote tem uma ligeira passagem por madeira. Harmoniza bem com queijos, carnes brancas e peixe.
O ART.Terra Amphora Tinto 2015 é uma vinho diferente e que pode causar estranheza a quem esteja muito habituado ao sabor da madeira. É feito inteiramente em talha, com cor rubi, muito frutado, com notas de morango, algum mineral e taninos suaves.

Restaurante Divinus, cisterna wine bar, Convento do Espinheiro
Terminou-se com o Herdade do Rocim Tinto 2013 produzido a partir das castas Aragonez, Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Syrah, o mais encorpado dos três e com grande potencial. Ideal para acompanhar carnes vermelhas.
O Convento do Espinheiro também tem vinhos em nome próprio, apesar de serem produzidos pela Ervideira. Na década de 50 do século passado, o vinho da “casa” era feito pelo senhor Henrique, motorista da família detentora da propriedade ainda antes de ser convertida em hotel. Conservam-se algumas garrafas por curiosidade mas a nível de qualidade deu-se um salto gigante.

Restaurante Divinus, cisterna wine bar, Convento do Espinheiro
No final da prova dou uma vista de olhos. Predominam os vinhos alentejanos  mas há também exemplos da região de Lisboa, Dão, espumantes, champanhes e uma seleção de vinhos estrangeiros.
Demoro-me um pouco mais nos licorosos, em particular nos late harvest. Quando vejo estas garrafas recordo a minha visita a Bordéus e os vinhos Sauterne que provei. Fico de olho no Grandjó que pretendo degustar mais tarde.
À hora marcada regresso ao Restaurante Divinus onde encontro novamente o escanção Cristiano Santos que também acompanha o jantar. As várias abóbodas permitem usufruir do espaço de forma reservada. É a Carolina quem me recebe, com um sorriso discreto mas sincero próprio do povo alentejano. Começo com um flute de espumante Vinha d'Ervideira Bruto Branco enquanto olho para a carta. Decido partilhar dois pratos, um de peixe que nada tem a ver com o Alentejo e outro de carne mais tradicional.
Como apreciadora de pão, seguiu-se uma degustação de azeite Convento do Espinheiro com pão de sementes, de passas e o tradicional alentejano, todos muito frescos.
Com os cumprimentos do chef, o amuse bouche, um cogumelo com ovo de codorniz e enchido tradicional, veio também a sugestão do vinho: um Comenda Grande Tinta Caiada.
Não demoraram muito a chegar à mesa um conjunto de cinco petiscos apresentados de forma diferente, onde impera a elegância. Todos estavam muito bons mas gostei em particular da desconstrução da cabeça de xara panada com salada de laranja e uva, das pataniscas de linguiça com sopa de feijão e do estaladiço de queijo de cabra.

Restaurante Divinus, cisterna wine bar, Convento do Espinheiro
O risotto de camarão para um robalo perfumado com poejo e funcho foi servido numa mini caçarola em cobre e numa travessa, talvez excessivamente grande. Achei ótima a ideia de haver propostas que fujam à comida tradicional, especialmente para quem está vários dias na região e procura algo diferente. O risoto estava muito rico em sabor mas para o meu gosto preferia que tivesse um pouco menos de queijo. Os camarões foram verdadeiramente surpreendentes.
Seguiu-se um dueto de porco alentejano com espargos e coentros, igualmente rico de sabor mas na dose certa, sem excessos que acabam por pesar.

Restaurante Divinus, cisterna wine bar, Convento do Espinheiro
Por esta altura já estava feliz o suficiente para dar a refeição por terminada mas o melhor parecia ainda estar por vir. Nas subtilezas conventuais em três texturas brilham a barriga de freira, a sericá e o pudim abade de priscos mas o coulis de lima e canela ou o gelado de manjericão criam a harmonia complementar. Eis que regressa o Cristiano Santos com o Grandjó que acompanhou muito bem este momento mais doce.

Restaurante Divinus, cisterna wine bar, Convento do Espinheiro
Em termos de apresentação, todos os pratos são verdadeiras obras de arte, apelativas visualmente, numa paleta de cores equilibrada.
Durante toda a refeição senti que se procurou perceber os meus gostos e sugerir o melhor prato e o vinho certo para harmonizar, tornando a experiência mais enriquecedora. Na despedida, indico à Carolina que o chá de hortelã fresca que se ofereceu para me preparar no final da refeição não iria ser necessário. Tinha sido uma noite perfeita, como era de esperar.
 
Restaurante Divinus
Convento do Espinheiro, a Luxury Collection Hotel & Spa
7002-502 Évora
www.conventodoespinheiro.com

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