Da Piazza S. Domenico, Siena parece uma imagem editada. Contornos definidos, cores vibrantes, luz perfeita. Mas é apenas Siena ao natural, sedutoramente irresistível.
Sempre achei os italianos um povo ímpar. Não conheço outro que esteja mais familiarizado com a cultura, a harmonia, o luxo e a excentricidade. Basta saírem à rua para estarem perante o belo, seja na arquitetura, nas obras de arte, nos automóveis, na moda. Foi nisto que pensei quando vi pela primeira vez, ao longe, o casario de Siena com a Torre del Mangia a evidenciar-se. Senti um certo cosmopolitismo mas sem nunca esquecer que estou em Itália.
É muito fácil perdermo-nos em Siena, tal é o número de vicolos e ruelas, algumas escuras e íngremes. Em muito locais, lembra-me os bairros de Lisboa. Os turistas parecem sair dos lugares mais improváveis mas parecem todos convergir para o mesmo.
Durante anos, Siena rivalizou com Florença e quando chego à Piazza S. Giovanni percebo porquê. No grande banco de pedra, onde alternadamente se vão sentando os transeuntes, a imagem da fachada do Duomo de inspiração gótica é arrebatadora. Em Itália, são muito os lugares onde é possível perder o fôlego. Este é um deles.
Mas este fôlego nunca se recupera verdadeiramente, já que o melhor parece estar sempre para vir a cada instante que se avança. Os grandes arcos, a cúpula ou os mosaicos no Duomo são imperdíveis, a Biblioteca Piccolomini consegue emocionar os corações mais empedernidos, o Battistero di San Giovanni ostenta uma belíssima fonte batismal e Museu dell'Opera del Duomo guarda o imponte vitral original do Duomo. Por tudo isto, para mim, este conjunto de monumentos é “o” Duomo da Toscana.
Talvez pela sua altura respeitosa, não opto por subir os 400 degraus mas não deixo de conhecer o Palazzo Pubblico. Também é preciso subir, mas as escadarias são largas e vão-se fazendo pausas nos vários andares. É que a beleza é mesmo algo constante em Itália e todas as salas merecem uma paragem de longos minutos. Há quem lhe chame slow travel. Eu chamo-lhe ver com o coração. Queria muito ver as obras-primas de artistas de locais, em especial os frescos de Ambrogio Lorenzetti.
Tinham-me recomendado o Ristorante Guido, no Vicolo Pier Pettinaio, próximo da Piazza del Campo. A primeira impressão é de um regional com bom gosto (e boa comida). As paredes estão repletas de fotografias com celebridades que por aqui já passaram, como que a dar crédito a quem já o tem. Iniciei com um tagliolini rossi con carciofi e pancetta (não tinha uma apresentação tão bonita como os capelettis mas o sabor estava lá). Seguiu-se um ossobuco di vitellone con scalogno confit apesar de me sugerirem a bistecca fiorentina. Termino com uns cantucci ligeiramente embebidos em Vin Santo, como manda a tradição toscana.
À noite Siena fica deserta. As ruas que durante o dia popularam de gente estão agora desertas. Na Piazza Salimbeni, rodeada de antigos palácios, fico um pouco a pensar como foi o dia.
Adorei este post, que me levou de volta à bela e magnífica Siena...Que saudades! Concordo mesmo muito com a tua perspetiva desta bela pérola toscana e partilho do teu encantamento. Muitos parabéns também pelas fotos ;)
ResponderEliminarOlá Sofia: obrigada. Adorei Siena, as cores, as ruas, a praça mas em especial o Duomo. Tens razão: é mesmo uma pérola toscana.
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